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A alimentação e o câncer

Por Dra. Sandra Genaro, Nutricionista que compõe o Time Multidisciplinar do CPO, especialista em Oncologia pelo INCA.

O câncer possui variadas causas, que podem ser externas ou internas ao organismo e elas são capazes de interagirem-se. As causas externas estão relacionadas ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente cultural e social. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem aumentar a probabilidade de transformações malignas nas células normais. Apesar dos fatores hereditários não poderem ser modificados, fatores ambientais e estilo de vida podem ser potencialmente alterados.

A prevenção primária do câncer está envolvida com o estilo de vida e os hábitos alimentares. Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, multiplicar e disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos em pequena quantidade e frequência. São eles:

  • Alimentos ricos em gorduras: carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, queijos gordos; bacon, presunto, salsicha, linguiça, mortadela, dentre outros.
  • Alimentos contendo nitritos e nitratos como conservantes: picles, salsichas, embutidos, alguns enlatados.
  • Defumados e churrascos: impregnados por substâncias cancerígenas proveniente da fumaça do carvão.
  • Alimentos preservados em sal: Carne de sol, charque, peixes salgados. Além dos alimentos ricos em sódio (como enlatados, embutidos, temperos prontos, conservas, molhos prontos).
  • Agrotóxicos: utilizados na produção da maioria dos alimentos no Brasil, causam danos à saúde do produtor rural e do consumidor.
  • Carne vermelha em excesso: podem causar câncer quando consumidos em grande quantidade. Pessoas que comem carnes vermelhas devem limitá-las a menos de 500 g por semana.
  • Alimentos e bebidas com alto teor calórico: do tipo fast-food (hambúrguer, cachorro quente, batata frita, etc.), refrigerantes, sucos artificiais e alimentos industrializados, possuem elevadas quantidades de açúcar e gorduras, baixo teor de fibras e promovem o ganho de peso.
  • Excesso de bebidas alcoólicas: favorecem a formação de alguns tipos de câncer, por isso não são recomendadas. Contudo, se forem consumidas, devem ser limitadas a uma dose (150 mL de vinho, 350 mL de cerveja ou 40 mL de bebida destilada) para os homens e meia dose para as mulheres por dia.
  • Tipo de preparo do alimento: Adição de sal na comida, carnes preparadas na brasa, frituras e temperaturas muito elevadas.

Algumas mudanças em nossos hábitos alimentares com adoção de prática de atividade física regular, pode nos ajudar a reduzir os riscos de desenvolver várias doenças, inclusive vários tipos de câncer como pulmão, cólon e reto, estômago, boca, faringe, esôfago, mama, bexiga, laringe, pâncreas, ovário, endométrio, colo do útero, tireoide, fígado, próstata e rim.

  • Tente adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso de temperos como azeite, alho, cebola e salsa.
  • Prefira métodos de cozimento que usam baixas temperaturas como vapor, fervura, pochê, ensopado, guisado, cozido ou assado.
  • Alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais e feijões são alimentos protetores; ricos em vitaminas, minerais, fitoquímicos e fibras. Fortalecem o sistema imunológico e ajudam a regularizar o funcionamento do intestino. Coma 5 porções (de aproximadamente 100 g cada porção) de frutas, legumes e verduras ao dia! Prefira os orgânicos, livres de agrotóxicos!
  • A ingestão de vitaminas em comprimidos não substitui uma boa alimentação. Os nutrientes protetores só funcionam quando consumidos através dos alimentos, o uso de vitaminas e outros nutrientes isolados na forma de suplementos não é recomendável para prevenção do câncer!
  • Fibras: Ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso.
  • Procure praticar algum tipo de atividade física regularmente.

Vale à pena lembrar que a alimentação saudável somente funcionará como fator protetor, quando adotada constantemente, no decorrer da vida. Neste aspecto devem ser valorizados e incentivados antigos hábitos alimentares do brasileiro, como o uso do arroz com feijão. A natureza pôs a nossa mesa uma rica variedade de frutas, legumes e verduras, que o povo brasileiro, em sua fértil diversidade cultural, temperou com muita criatividade. Além dos benefícios identificados pela ciência, pode ser imenso o prazer de cultivar, colher, preparar, partilhar e saborear os alimentos. Vamos então (re) inventar e experimentar!

Referências:

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. A situação do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2010.

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