Mucosite oral em paciente oncológico: saiba como tratar!
Por Dra. Debora Orbolato Alves, Dentista especialista em Estomatologia que compõe o time multidisciplinar do CPO.
A mucosite oral é uma inflamação na mucosa oral e na mucosa gastrointestinal. Apresenta muitas lesões parecidas com aftas, decorrentes do tratamento oncológico dos efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia de cabeça e pescoço. Clinicamente se manifesta por:
– Eritema (vermelhidão),
– Edema(inchaço),
– Ardência,
– Sensibilidade à diferentes tipos de alimentos,
– Sensação de queimação,
– Língua grossa,
– Xerostomia (boca seca),
– Seguindo-se de ulcerações dolorosas (nas mucosas, gengiva, garganta, língua, palato duro/mole (céu da boca), assoalho da boca), causando dificuldades na fala, na mastigação, na ingestão de líquidos e alimentos.
Ainda essas lesões orais aumentam o risco à infecções oportunistas locais e sistêmicas, como por exemplo a Candidíase (infecção fúngica). Consequentemente o paciente pode se desnutrir, desidratar, complicando ainda mais o tratamento oncológico, pois nos casos mais severos pode necessitar de hospitalização, nutrição enteral ou parenteral (sonda) e possível interrupção do tratamento ou redução das doses, prejudicando o tratamento oncológico.
Vários fatores de risco têm sido associados ao desenvolvimento da mucosite, tais como: gênero, idade, higiene oral precária, trauma, uso de tabaco e álcool, susceptibilidade do paciente, má nutrição, hipossalivação, doença periodontal, uso de próteses, agentes quimioterápicos, dosagem e localização da radiação(radioterapia), infecções por vírus, fungos e bactérias.
É de extrema importância que todos os pacientes sejam avaliados por um cirurgião-dentista previamente ao início do tratamento oncológico, seja pela quimioterapia e/ou pela radioterapia de cabeça e pescoço.
Os pacientes devem ser orientados quanto à necessidade de certos cuidados orais, como a não utilização de agentes irritantes como o fumo e o álcool, não ingestão de determinados alimentos (condimentados ácidos e duros), avaliação das próteses antes do início do tratamento oncológico e seu uso deve desaconselhado durante este período, além de realizarem o chamado preparo de boca que são um conjunto de procedimentos que visa eliminar todo e qualquer foco infeccioso da cavidade oral.
Entre os procedimentos estão à raspagem e alisamento corono-radicular, extrações, endodontia (canal), restaurações e limpeza bucal. É muito importante para os pacientes que realizarão radioterapia de cabeça e pescoço, pois evita osteorradionecrose (necrose nos ossos da boca), complicação grave que pode acontecer quando a irradiação é feita sobre algum foco infeccioso.
A Laserterapia realizada por um cirurgião dentista devidamente habilitado em Laser, em conjunto com adequada higiene oral, é o único recurso terapêutico eficaz no tratamento e, principalmente, na prevenção da mucosite oral. Sua utilização tem eficácia na redução da severidade das lesões devido aos mecanismos de ação reconhecidos: efeito analgésico, anti inflamatório e regeneração do tecido local.
Há evidência de que a manutenção de uma boa higiene oral reduz a frequência e severidade da mucosite oral e com isso seus sintomas.
Uma avaliação prévia e o acompanhamento por um dentista especializado durante o tratamento oncológico tem efeitos positivos na qualidade de vida do paciente oncológico.
Confira abaixo a relação de drogas Antineoplásicas que causam mucosites:
- Aldesleucina (Proleukin)
- Alemtuzumab (Campath)
- Asparaginase (Elspar)
- Azatioprina (Imuran)
- Bleomicina (Blenoxane)
- Carboplatina (Paraplatin)
- Cetuximab (Erbitux)
- Ciclofosfamida (Citoxan)
- Ciclosporina (Sandimmun)
- Hiperplasia Gengival
- Cisplatina (Platistine)
- Citarabina (Cytosar-U)
- Clorambucila (Leukeran)
- Dacarbazina (Fauldacar)
- Docetaxel (Taxotere)
- Doxorrubicina (Adriamicina)
- Epirrubicina (Farmorubicina CS)
- Etoposide (Vepesid)
- Fludarabina (Fludara)
- Fluorouracil (5-FU)
- Gencitabina (Gemzar)
- Idarrubicina (Zavedos)
- Interferona Alfa (Interferon)
- Interleucina 2 (Proleukin)
- Irinotecano (Camptosar)
- Lomustina (Citostal)
- Mecloretamina (Mustargen)
- Melfalano (Alkeran)
- Metotrexato (Rheumatrex)
- Mitomicina (Mitocin)
- Mitoxantrona (Novantrone)
- Oxaliplatina (Eloxatin)
- Paclitaxel (Taxol)
- Pemetrexede (Alimta)
- Pentostatin (Nipent)
- Procarbazina (Matulane)
- Thiotepa (Thioplex)
- Topotecano (Hycamtin)
- Trastuzumabe (Herceptin)
- Trentino (Vesanoid)
- Vimblastina (Velban)
- Vincristina (Oncovin)
Confira abaixo a relação de drogas Antineoplásicas V.O (comprimidos) que causam mucosite oral:
- Anastrozol (Arimidex) -Perda e Alteração do Paladar
- Bicalutamida (Casodex) -Boca Seca
- Bussulfano (Myleran) -Ressecamento das mucosas, Sínd. SJorgen
- Dasatinibe (Sprycel)
- Dietilestilbestrol (Destilbenol) -Gengivite
- Etoposideo (Vepesid)
- Everolimus (Afinitor)
- Fludarabina (Fludara)
- Gefitinibe (Iressa)
- Hidroxiuréia (Hydrea)
- Imatinibe (Glivec)
- Ditosilato de Lapatinibe (Tykerb)
- Melfalano (Alkeran)
- Metotrexato (Misador)
- Maleato de Sunitniibe (Sutent)
- Temozolomida (Temodal)
- Tioguanina (Lanvis)
- Clor. De Topotecano (Evotecan)
- Tretinoína ( Vesanoid)
- Vinorelbina (Navelbine)